domingo, 14 de novembro de 2010

Os Banquetes da República no Palácio do Catete - RJ

Este depoimento foi registrado no Museu da República, no dia 11 de julho de 2000. Nele, Alice fala sobre o trabalho de seu pai, o italiano Vitório Falcone, como banqueteiro oficial do Palácio do Catete durante a presidência de Epitácio Passoa.





Vitório Falcone, o italiano que fez a América
Vitório Falcone, italiano de Turim, veio para o Brasil com pouco menos de 20 anos, acompanhado de seus pais e irmãos, nos últimos anos do Império, com o objetivo de “fazer a América”. A família Falcone já lidava na Itália com o preparo de pães e doces e, assim, resolveu experimentar aqui o seu talento nesse ramo de negócio. Um dos irmãos de Vitório fundou no Rio de Janeiro uma fábrica de chocolate, a primeira do país, e ele resolveu abrir uma confeitaria, que logo depois transferiu para Petrópolis, buscando um clima mais ameno para morar.
A qualidade de seus produtos e a simpatia do dono logo fizeram com que a confeitaria FALCONE ficasse famosa entre a elite carioca que veraneava na cidade. Sua fama era tanta que chegou rapidamente ao Palácio Rio Negro, residência de verão da presidência da República. Inicialmente Nilo Peçanha e posteriormente Epitácio Pessoa, ambos os presidentes contratavam seus serviços para as festas realizadas em Petrópolis.
O presidente Epitácio Pessoa encantou-se de tal forma com os serviços prestados por Falcone, que ele passou a ser o banqueteiro oficial da presidência da República, também no Rio de Janeiro, no Palácio do Catete. Nesse tempo Vitório Falcone já tinha expandido seus negócios e montado uma equipe competente, escolhendo a dedo os seus funcionários, a quem dava treinamento constante e que com o tempo tornava seus sócios no empreendimento. Outra medida importante que tomou se refere à compra de cristais e prataria para melhor servir clientela tão requintada.
Os banquetes realizados no Palácio do Catete exigiam uma verdadeira “operação de guerra”, pois Falcone e sua equipe traziam absolutamente tudo de Petrópolis, dos mantimentos aos cristais, passando por garçons, cozinheiros e ajudantes. O grupo saía bem cedinho de Petrópolis, no primeiro horário do trem, sendo que tinham passado a noite anterior embalando tudo, além de trazerem as comidas semi-prontas, tudo no maior cuidado. A viagem durava duas horas.

A mesa costuma estar posta, e exibe, como podemos ver nas fotos de Alex Sven, os cristais Saint Louis e o aparelho de procelana de Limoges com o brasão da República, o belo faqueiros de prata e os adornos franceses. o mobiliário da sala foi comprado pelo Barão de Nova Friburgo, construtor e primeiro proprietário da casa.

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